O País quer a Justiça Social da Democracia!
A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realizou no dia 12 de Julho de 2016, em Brasília, uma audiência pública para discutir os desafios do mundo do trabalho, como desemprego, aposentadoria e discriminação, com foco na justiça fiscal. O SINDSEP de Quixadá e Região participou da audiência juntamente com a FETAMCE que levou à Brasília a Caravana dos Municipais do Ceará.
LEIA A SEGUIR, a exposição feita por MARIA DAS GRAÇAS COSTA (Secretária Nacional de Relações do Trabalho da CUT) na Audiência:
LEIA A SEGUIR, a exposição feita por MARIA DAS GRAÇAS COSTA (Secretária Nacional de Relações do Trabalho da CUT) na Audiência:
"Estamos
correndo muitos riscos. A Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Classe
Trabalhadora, Frente Parlamentar em Defesa da Previdência Pública e a Frente
Parlamentar contra o Trabalho Escravo se reuniram e estão fazendo essa jornada
como um ato de resistência.
No
último período discutimos de forma belíssima no Brasil o Trabalho Decente. Só o
Brasil, em todo o Mundo, conseguiu fazer o dever de casa conforme a OIT,
realizando uma conferência nacional onde trabalhadores(as), empregadores(as) e
sociedade civil se juntaram à mesa para discutir a temática. Agora, estamos
vivendo tudo aquilo que é contrário ao Trabalho Decente.
As
medidas tomadas nesse último mês vão nos levar a esquecer o que seja trabalho
decente, nos fazendo retroceder 100 anos. Tenho dito que como temos um
Congresso e um Parlamento basicamente de direita, o mais retrógrado e o mais
conservador desde 1964, então vamos nos juntar para que em 2018 a gente consiga
virar o jogo e eleger homens e mulheres comprometidos com a pauta da Classe Trabalhadora.
Mas eu tenho dúvidas, Senador Paulo Paim, se mesmo a gente virando o jogo,
fazendo esse exercício de renovação do Parlamento e mesmo assim a gente não
consiga reverter o retrocesso que está em curso. Porque é alarmante o que está
colocado.
O
Pedro Armengol falou de todo o processo que está colocado no
Projeto de Lei Complementar PLP 257/2016 que é um confronto
direto pra desmantelar o Serviço Público mas aí tem coisa pior: o que o Temer
pretende fazer com o orçamento público que é termos vinte anos sem aumento no
orçamento. Só a correção da inflação. Sabe o que isso significa: vinte anos sem
reajuste dos servidores; vinte anos sem investimentos nas políticas; vinte anos
sem aumentar o Bolsa Família; vinte sem anos sem melhorar as condições de
acesso ao Minha Casa, Minha Vida; vinte anos sem investimentos nos Projetos
Sociais. Essas não são questões que interessam apenas aos servidores públicos
preocupados com sua vida trabalhista: é uma questão de desenvolvimento
nacional.
As
condições de trabalho já são muito precárias. No Brasil já temos aproximadamente
12 milhões de terceirizados e por isso a Precarização está montada para esses
quase 12 milhões. De cada 10 pessoas que adoece no trabalho, que sofre
acidentes de trabalho, 8 são terceirizados. De cada 5 que morre no trabalho, 4
são terceirizados. Ganham menos, trabalham mais. Já temos um grupo grande de
trabalhadores totalmente precarizados. O empresariado quer que a Terceirização
seja aprovada no Congresso Nacional onde está o PLC 30 para liberara
Terceirização em tudo quanto é canto.
Também
querem aprovar o legislado sobre o negociado. Os defensores desse tema têm dito
que é pra valorizar a negociação coletiva. Isso quer dizer que querem liberar pro patrão
negociar direto com o trabalhador sem essa legislação que historicamente
conquistamos.
Eu
estava numa audiência da Comissão do Trabalho na Câmara dos Deputados e o
presidente do Tribunal Superior do Trabalho disse que realmente era necessário
flexibilizar porque hoje os direitos estão no papel, são como letra morta.
Então, eu falei pra ele: realmente, o que temos de direito no Brasil não é
respeitado. Leva, inclusive, às milhares de ações trabalhistas que temos no
país, exatamente, porque o empresariado brasileiro não cumpre a Constituição Federal,
não cumpre a CLT, não cumpre, inclusive, com o acordado com o trabalhador no
momento da negociação coletiva. Isso não tem nada de valorização. Isso
significa arrebentar com o que temos conquistado até agora. A maioria das
medidas que está colocada aqui vai mudar a Constituição brasileira. Não é pouca
coisa. Então a resistência tem que ser maior do que o que nós temos feito.
Mas
tem mais: eles querem acabar com a NR 12: que serve para notificação de todos
os acidentes de trabalho. Isso é um item crucial na pauta dos empresários. Eles
querem terceirizar tudo, precarizar tudo, negociam direto sem passar pela
legislação e sem ter notificação de acidente de trabalho. Querem revogar,
inclusive, a lei que trata de considerar como acidente de trabalho o acidente
que acomete o trabalhador no percurso de sua casa ao trabalho. Isso tudo nos
diz da volta ao trabalho escravo. Simples assim. Ainda tem um PL que propõe
modificar o conceito de trabalho escravo. Outro famigerado PL também tenta
diminuir para 14 anos o tempo de idade para que jovens possam entrar no mercado
de trabalho.
E
sabe o que significa a tal da Reforma da Previdência que está em curso? Significa
que homens e mulheres vão se aposentar com 65 anos. Onde está, então, o debate
de entrada da mulher no mercado de trabalho? Onde estão as condições de
trabalho? A mulher tem tripla jornada de trabalho ou até mais. Os nossos
companheiros homens ainda não repartem com as mulheres a criação dos filhos, os
afazeres domésticos. Então, há que se ter diferença sim quando da aposentadoria
para homem e para a mulher. Pra ficar
mais grave, eles (da direita) baixaram mais uma medida para realizar uma avaliação
dos trabalhadores que estão de licença pra fazer as pessoas mesmo sem condições
de saúde voltarem a trabalhar. Um verdadeiro massacre. E para complicar ainda
mais o cenário de desfavorecimento da Classe Trabalhadora, o presidente da CNI
fez uma proposta que os trabalhadores podem ter uma carga horária de trabalho
de 80 horas semanais. Um verdadeiro absurdo.
Para
tudo isso tem uma reação: nós montamos as frentes parlamentares; estamos com a
CUT e as outras centrais discutindo a realização da Assembleia da Classe
Trabalhadora para pensar estratégias de ação contra tudo isso, com a possibilidade
de uma greve geral para poder parar esse golpe, para esse retrocesso. Se assim
não fizermos, nós vamos revogar é a Lei Áurea. Porque é isso que vai acontecer
pelo que estou entendendo. Vamos voltar pro chicote tendo em vista o que se
pretende fazer com a organização
sindical brasileira é criminaliza-la. Daqui a pouco vão calar, vão proibir a
nossa voz.
Aos
poucos estamos caminhando para um processo muito parecido com 1964. Temos
ouvido e debatido muito com aqueles companheiros e companheiras que
participaram daquele triste momento da História em 64 e assim, ao compararmos
aquele período com a contemporaneidade, vemos sinais claros daquele retrocesso,
daquele golpe que tanto massacrou a Sociedade Brasileira, a Classe
Trabalhadora.
Vinte
ministros do Tribunal Superior do Trabalho divulgaram um documento condenando
toda essa afronta aos direitos da Classe Trabalhadora. Temos a ANAMATRA, ANPT,
que estão conosco para mantermos os direitos que já temos e que avancemos nas conquistas.
O
golpe é contra a Classe Trabalhadora.
Toda essa agenda vai se concretizar se o golpe se consolidar definitivamente. É
preciso que reproduzamos essa resistência: cada cidadão, cada sindicato, precisa entrar nessa luta conosco porque o que
está aí é contra a nação brasileira, é contra os(as) trabalhadores(as)."